Poucos investidores sabem que existem operações em bolsa de valores com prazos, taxas e proteções com intervalos de perdas e ganhos definidos previamente.
Claro que estamos falando de Renda variável e assim nada é 100% garantido, mas o investidor pode fazer várias contas e ponderar sua decisão de uma forma digamos bem racional.
Colocarei um exemplo de operação real com os preços de fechamento de sexta feira 13/05/2011, deixarei os custos operacionais (corretagens, emolumentos e impostos) fora nesse exemplo para facilitar o entendimento do leitor e não tornar o texto cansativo.
A ação Petr4 (Petrobrás) fechou a R$ 23,54
A opção PetrF24 (Derivativo) fechou a R$ 0,90
O Strike (Preço de exercício da opção) da PetrF24 é R$ 23,58.
O valor inicialmente dessa PetrF24 era R$ 24,00, mas depois de sua criação como a empresa Petrobrás pagou proventos (dividendos e ou JSCP) da ordem de R$ 0,42 foi descontado dos R$ 24,00 ficando agora o Strike no valor de R$ 23,58.
A série F das opções tem vencimento no dia 20/06/2011, ou seja, após 38 dias corridos do dia que estamos analisando os preços dos ativos e derivativos que é 13/05/2011.
Quando o investidor vende a opção PetrF24 ele está assinando um contrato que se a cotação de suas ações Petr4 (Petrobrás) superar o valor do Strike R$ 23,58 ele será obrigado a entregar suas ações ao valor do Strike, deixando de lucrar o que está acima disso.
Vamos ao exemplo agora:
A operação consiste em comprar a ação Petr4 a R$ 23,54 e vender a opção PetrF24 a R$ 0,90.
Na realidade o investidor desembolsará apenas R$ 22,64 (23,54 menos 0,90) e estará com suas ações compromissadas até o dia 20/06/2011.
Vamos imaginar que a ação da Petr4 no dia do vencimento da série F (20/06/2011) esteja valendo no mercado R$ 24,50 o nosso investidor será exercido no contrato e terá que entregá-la pelo valor do Strike da F24 que é R$ 23,58.
Nesse caso vamos calcular o lucro:
Pagou R$ 22,64 e venderá por R$ 23,58 lucrando 4,15% no período de 38 dias corridos (13/05/2011 a 20/06/2011) transformando essa taxa para o equivalente ao mês seria 3,26% o que corresponde a aproximadamente 4 meses de uma aplicação em renda fixa.
Sim, mas e se a cotação da Petr4 for para baixo o que acontecerá com nosso exemplo?
Vamos imaginar que a ação Petr4 no dia do vencimento esteja valendo apenas 23,00 ou 22,00 o nosso investidor não será exercido no contrato, continuará comprado a R$ 22,64 (23,54 menos os 0,90) ficará coma as ações na custódia para uma nova operação na série seguinte.
Risco a ser analisado:
Se o papel for pra cima e superar os R$ 23,58 o investidor já sabe quando vai ganhar, mas e se o papel for bem pra baixo?
Ele estará confortável em ficar comprado a R$ 22,64 vendo o papel a R$ 21,00 no mercado?
Essas perguntas só cabem ao investidor que está analisando a operação e devem ser todas respondidas antes da montagem da operação.
Algumas considerações sobre a Petrobrás (Petr4):
Em 13/05/2011 o VPA (Valor patrimonial da ação) estava no balanço a R$ 24,13, isso quer dizer que o papel no mercado de bolsa está sendo vendido abaixo do Valor patrimonial o que muitos analistas consideram um bom preço.
Tem um dado que alguns analistas fundamentalistas gostam de analisar que é o P/VPA Preço atual dividido pelo VPA se esse estiver menor que 1 a empresa está “teoricamente” barata, e em 13/05/2011 esse número era 0,98 e se o papel for a R$ 22,64 esse número seria ainda melhor R$ 0,94.
O investidor estaria “protegido” de uma queda no papel apenas até R$ 22,64 (23,54 menos 0,90) depois disso se a cotação do papel continuar a cair ele estaria sem nenhuma proteção, por isso cada operação deve ser muito bem ponderada antes da sua montagem.
Não fiz aqui uma recomendação de operação, apenas tentei mostrar a muitos investidores de renda fixa que existem algumas operações em bolsa de valores que ele pode ponderar riscos aceitáveis ou não antes de montar a operação.
Espero ter esclarecido um pouco aos amigos leitores.
Boa Sorte!
Fontes.